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Minha Vida É Baseada Em Fatos Reais

from Cr​ô​nicas Do Sub​ú​rbio - Original Soundtrack by Falador

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lyrics

Meu amor, meu amor, não minta pra mim! Suas histórias não parecem reais
E o povo tá comentando, espalhando por aí que você anda cheirando demais
Por favor, por favor não duvide de mim, essas histórias por aqui são normais
O horror, o horror. Eu sou mesmo um pé rapado, como quem vem daqui, já nasci tão derrotado

São casas frágeis à beira da estrada e a vizinhança festeja tão embriagada
As crianças dançando, peladas, todos vão se divertindo à beira do abismo
Um rio de esgoto, sujeira, detritos, em meio a miséria sobram sorrisos
Conversa fiada, 'zuada' na igreja. Essa é rua onde vivo, ó lá que beleza!
E ali bem do lado uma imagem oposta: um prédio enorme onde um homem ostenta influência portenha, um certo mau gosto, glock no estojo, pingente de ouro
Já foi polícia, hoje ganha sua vida emprestando tostões pra quem não tem malícia
Lá escritório, guarda no armário cartões de salário, o seu toque de midas
Joga baralho com meu barbeiro este aí que sonhava com uma bela motinha
Juntou sua grana, um ano apertado, só ovo com arroz e trabalho dobrado
Achou uma dafra, já tava rodada, era o que ele queria, pagou a quantia
No dia seguinte, parado numa blitz notou que a moto era mula do crime
Uma noite inteira na delegacia úmida, escura, suja e vazia
Pela manhã, tomando cachaça, o boteco inteiro era só zombaria
Surtou com risos, brigou com o cosme, depois do xilique lhe ataram num poste

Meu amor, meu amor não minta pra mim! É tudo muito desvairado, surreal
Pois o povo tá reclamando, falando por aí que aqui nem todo mundo é marginal

Claro tem vidas inteiras que são tão formais, trabalham de segunda a sexta como meros mortais
E tem muito pobre de direita, mas tá tudo bem, grande parte dessa gente não faz mal a ninguém

Este é o meu debacle, é a vida que eu vivo, submundo qual faço parte, está cravado o meu destino
Entre vermes, crentes e loucos sou apenas mais um fracassado. Juntos até que somos bem poucos. E os traficantes que compram fiado?!
Um caso à parte, andando descalços, falta vintém até pr'um carlton
E entram guerra, ruins de mira, errando até bala perdida,
Na alvorada com suas armas em gritaria, mó agonia,
Fogo nos carros, uma pataquada, delirium tremens de cocaína
Morre um inocente, mal a gente sente, se há um lamento, é só outro dia
Lembro de uma vez que mataram uma menina aos quatro anos, foram os tiras
Uma noite tranquila e de dentro do carro o soldado escolheu atirar para o alto,
Apesar da repulsa comunitária ele ainda mantém sua ronda diária
Este é o meu debacle, é a minha vida e o meu rumo, submundo qual faço parte, meu projeto de futuro

Meu amor, meu amor, não finja pra mim! Você parece uma pessoa banal
Pois o povo tá ruminando, buzinando por aí, você não fala essas coisas por mal

Tem todo tipo de gente ordinária e habitual
Um galera decente, até evangélicos legais
Jovens delinquentes, um tantinho de amor
Se espera uma vida perfeita, até tem, mas acabou

E o precariado no corre dobrado, tentando aguentar até o próximo mês
E os encostados vivendo de bicos, só planejam uns pingados para o gole das três
As meninas da rifa, bate perna diário pra somar uns trocados, 4 dezenas por 6
O carro do ovo que foi assaltado, menos 4 caixas e o prejuízo de 100

Como diz rimbaud:
Ocê que imagina bichos urrando de dor
Ocê que imagina os mortos e suas quimeras,
Tente narrar o meu sono e tente narrar a minha queda

Ou nem tente, nem tente. Eu não me sinto batendo na porta do céu
A minha vida até aqui tem sido linda, tão mágica, tão “cem anos de solidão from hell”
Evidente, é evidente que o escárnio é pra manter a minha mente sã
Não acordamos todo dia em guerrilha, mas é tão doce o cheiro de napalm pela manhã

Não temos do que nos orgulhar pois a vida é uma farsa e todos têm que representar.
Nosso povo é raro, sangue frio, imperturbável, aproveita o momento
E transforma qualquer tragédia num espetáculo

6h da matina, defunto no carro, estrangeiro afirma
O sangue parece mentira
A desventura é um estado, como um amigo me disse:
- esse país é tão triste, nascemos no lugar errado
Ao meio dia o shihan quebra cocos, canta canções singelas para sua musa mirela
Seu irmão malhado tem nas mãos uns nuntchakos, meio jean claude van dame feat. Mark dacasco
Ás 19 um jacaré na arapuca, sequer se move, amarrado na nuca
A rua é festa a torto e a direito, batuque no ônibus, o bicho com medo

Tudo aqui é assim...sei que você não acha essa vida ruim
É que as palavras não me são fiéis
Meus comparsas, brincando ou não, me chamam, sempre que podem, de borra-papéis

Mas eu tento, eu tento, eu me esforço para ser um bom menestrel
Ignoro os fatos e o que for mentira, espalho.
Se não posso fazer direito, logo avacalho.
Não exagero, mas deixo o gore,
“um país sem miséria é um país sem folclore!
O que vamos mostrar para esses gringos?”
Ouvi num filme do sganzela quando era menino

Hoje sou um perdedor, desgraçado e sem dinheiro
Rindo das nossas mazelas como um bom brasileiro
Um escrevinhador, um poeta de araque
Quero fazer toadas, mas acho, é tarde

Ouço por essas bandas concerto de vozes e daqui eu não saio sem tu escutar
Minha canção que é uma rua onde o meu bem não passa, lugar sinuoso no qual só
Toca um canto assombrado, superestimado, procuro escusas e afirmo:
Se a criação fosse minha deixava escondida, mas como num é, eu confirmo e
Canto sem vaidade, sem medo do blues porque quando estou nu qualquer roupa me cabe
Então berro esse som, erro no tom, tem texto demais vou tentar justapor
Para tampar um buraco abri uma cratera e ela tá louca, canção besta-fera
No fim da cantiga, entrando em declínio, cê pode supor volto pro meu amor

Meu amor, desista de mim, tu não percebe o quanto eu canto mal
Pois o povo tá me ofendendo, hateando por aí. Já entendi, não sou um cara legal
Meu amor, meu amor, encerremos por aqui. Já falastes coisas sérias demais
E o povo tá ameaçando, avisando coisa e tal, ocê não fala essas coisas
Porque falador passa mal

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Falador BA, Brazil

Falador viveu essas experiências em Salvador, BA

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