O meu coração é nordestino e desde bem menino sonha em ser um cantador
Confesso, ele nem é tão profundo pra espalhar por esse mundo melodias sobre o amor
E na construção do meu espírito, um tempero bizantino foi mais forte que o sazón
Sempre pareceu o meu destino: uma vida oca de sentido por nunca ter tido um dom
E quebrei todas as promessas, ninguém se importou
Sequer tenho inimigos! Eu sou tão pequeno, sou tão pequeno
Persona tão cinzenta, ponto de inflexão
Faço escolhas tão erradas, sempre. Não sou tão esperto, não sou esperto
Se de vez em quando acerto, logo dou com os burros n'água
Este é um dos meus talentos: escolho mal minhas palavras
Se o mundo é tão pequeno, me mantenho preso em casa pra fugir dos seus discursos, pra não rir dessas piadas.
Eu não sou esperto, sou tão pequeno, tímido e vulgar
Não faço muitos planos para não ter como falhar
O meu coração é um cretino,mas não vai ganhar no grito as tratativas sobre a dor
Sabe vive numa sociedade onde a individualidade não altera o seu flow
E não acredita na verdade pois assiste em toda parte um mundo cheio de razões
Até mantém a fé na humanidade, mas aqui do seu cantinho cisma em fazer canções
E miseravelmente, falha na sua missão. Textos longos, incoerentes, pois eu sou um tédio, sou um tédio. Uma persona tão cinzenta. O meu id, uma ilusão
A contradição em termos: eu não tenho ego, não tenho ego
Eu não quero olhar pra dentro...
E se estiver tão bagunçado?
Pode ser só arrogância, sinto meus traumas controlados
Sei, em momentos sucessivos me enrosco no sagrado
Não aprendo com meus erros, não me desculpo por esses pecados que já nem me lembro!
Eu sou tão raso, tímido e vulgar. Não faço sacrifícios, nem vou me martirizar
Meu raciocínio nem é difícil: eu sou cínico e vulgar
E até tenho meus princípios, mas quem vai levar à sério?!
Tão deletério! Eu sou um peso tímido e vulgar
Faço tudo do mesmo jeito, sem interesse em mudar
Pois não vejo um problema no imperfeito, estou satisfeito e mantenho os meus olhos presos no fim dos tempos, não aguardo um prêmio. Eu não tenho forças pra voar. Eu não tenho forças pra voar
O meu coração não é divino e com esse ceticismo, não cabe religião
Mas ele não pensa duas vezes, diante da dificuldade logo vem uma oração:
Ó minha santinha,
Dai-me forças nesta vida pra seguir em desacerto,
Limpa todas as feridas, me alimenta de amargura pois eu sei, a vida é dura
E com tantos pesadelos não preciso mais sonhar
Santidade torta, ilumina meus excessos
Vil, bastarda, mosca morta. Te canto em vinho, prosa e verso
Tu és feita de pau oco. Gosto, louvo e reconheço
Mas não leve a ferro e fogo os porões do meu desejo
Peço não me abandone, não me abra os caminhos
No prazer da ignorância, eu sei, não ando mais sozinho
Com meus parceiros de derrota te elevo em romaria
Na fé, na força e na certeza de que amanhã é um novo dia
Ó minha santinha, rainha do desespero
Não desenterre o meu passado
Tranca todos os meus segredos
Cala os cães da minha memória
Fecha a conta e passa uma régua
Que te acendo um vela e mando oferenda pra beira do mar
E se o mar virar sertão? Sertão desidratado
Trocando os pés pelas minhas mãos me mantenho estagnado
Meu coração é delirante, vivendo acossado
Vendo o sucesso tão distante, tão longe que nem acho
O amor que sai pelo ladrão. - me sinto tão exausto
Fulgor, medo, ambição, passível de maus tratos
E o desconsolo é abundante, não muda de status
Me sinto feio, inoperante, tolo e ordinário
E eu não aprumo o passo, tô sempre tão atrasado. Acho o mundo apertado
Se me encontro do outro lado tomando uma cerveja, parece que tô errado
E se eu vou pra igreja, tô dobrando o erro
Percebo que a vida não cabe num relicário ando até apreensivo e um tanto entediado
Que depois dessa folia, me sentindo abençoado, te chamo para dançar
Todos meus amigos são campeões em tudo.
Eu fui tantas vezes mau, cruel, risível, absurdo.
Tenho sido submisso, caricato, petulante
Verifico duas vezes: todo mundo é tão importante?!
Sem vergonhas financeiras, com sucesso, bom salário
Eu na hora do engasgo, tomo empréstimo e não pago
Meus amigos são tão nobres, nunca foram uns covardes
São homens iluminados com caráter inviolável
Toda gente que eu conheço, e que vem falar comigo,
Nunca fez um enxovalho ou cometeu ato mesquinho
Não confessam um pecado e nem mesmo uma infâmia
Quem me dera ouvir verdades de uma voz que fosse humana
E com todo desconforto não me rendo aos anseios
Não sou eu que vivo errado, a vida é o próprio erro
Pense, cale, sofra, grita, engane, eduque, a vida é linda
Coma, cuspa, durma. Impassível, sei que a vida é terrível
Acuda, massageie o ego, saiba que viver é verbo
Ria, etc. coisa e tal, chegando ao fim, acaba tudo em carnaval
Copie, chore, mate, morra, ore, vibre, se comova
Culpe, aposte, minta, tussa, aprecie, nade, se confunda
Seja leve e me aperte ou me evite, seja livre
Morda, obedeça ou reaja, colha, brilhe e esqueça
Desocupe e alcance, atualize, afronte ou se canse
Se defina, se supere, falhe, inspire e revele-se
Observe, encare o mal, traia, tema. Acaba tudo em carnaval
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